Letras de Hoje, Vol. 46, No 2 (2011)
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
poemas, a alusão periódica a um “Centro” (axi mundi), um lugar intermediário, temporariamente alcançado pelo Eu-lírico, o qual concentra em si a plenitude e a energia da fonte da Vida, permitindo a intuição do Inteligível ou Absoluto. Esse ponto de intersecção é chamado, por Henry Corbin, de mundus imaginalis, valendo-se do latim para traduzir a expressão árabe do sufista andaluz Ibn Arabî. Esse mundo intermediário – das Ideias-imagens, das Figuras-arquétipos, dos corpos sutis, da “matéria imaterial” – situar-se-ia entre o universo apreensível pela pura percepção intelectual (o universo das inteligências querubínicas) e o universo perceptível pelos sentidos. Os poemas “Medida da significação”, do livro Viagem (1939), e “O enorme vestíbulo”, de Retrato natural (1949), ilustram essa figuração na poesia ceciliana, presente até, e sobretudo, no seu último livro: Solombra (1963).
Palavras-chave: Cecília Meireles; Mundus imaginalis; Centro; Símbolos
Resume: Dès les premiers ouvrages de Cecília Meireles, il est possible d’identifier dans certains des poèmes l’allusion périodique à un “centre” (axi mundi), un lieu intermédiaire, temporairement atteint par le Moi-lyrique, qui contient en soi la plénitude et l’énergie de la source de la Vie et permet l’intuition de l’Intelligible ou de l’Absolu. Henry Corbin nomme ce point d’intersection mundus imaginalis; il se vaut du latin pour traduire l’expression arabe du soufi andalou Ibn Arabî. Ce monde intermédiaire – des idées-images, des figures-archétypes, des corps subtils, de la “matière immatérielle” – se situerait entre l’univers saisissable par la pure perception intellectuelle (l’univers des intelligences chérubiniques) et l’univers perceptible par les sens. Les poèmes Medida da significação [Mesure de la signification] du livre Viagem (1939) et O enorme vestíbulo [L’énorme vestibule) de Retrato natural (1949) illustrent cette figuration propre à l’auteur, particulièrement présente dans son dernier ouvrage: Solombra (1963).
Mots-clés: Cecília Meireles; Mundus imaginalis; Centre; Symboles
this reference courtesy of Daniel Proulx (!)
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